Projeto arquitetônico da Livraria Jaqueira do Recife Antigo prezou por verde e conta, ainda, com papelaria, cafeterias, vinoteca e espaço infantil. Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Desde o fechamento da unidade da Livraria Cultura no Recife Antigo que muitos de nós, recifenses, sentimos que, ali, ficara um vazio. Não só físico, mas também afetivo, cultural, intelectual. A Livraria Jaqueira – que nesta terça (8) abriu as portas para convidados, e na quinta (10) recebe o público – esmera-se em preencher essa lacuna; ou melhor, em oferecer uma experiência similar à antiga ocupante. Nesse tempo em que livrarias bambeiam e livros são “atacados”, os sócios buscaram redefinir o que seria uma livraria hoje, e montaram um espaço de convivência – ou, como se disse no corte da fita, “uma comunidade de serviços que gera um espaço de encontros”.

Os livros estão lá (e são cerca de cem mil títulos), mas outros produtos têm tanto apelo quanto, em outros espaços – os livros, no entanto, sempre ligando esses espaços. No térreo, próximo à entrada, há uma cafeteria rápida, para atendimento a quem está dentro e aos passantes, por uma janela para a rua lateral que dá para o Paço Alfândega. Café rápido, mas tirado de torrefação própria de grãos de diferentes origens. Ainda no térreo há papelaria e espaços dedicados ao público geek e às crianças – este, muito variado, abastecido de livros infantis a brinquedos e roupas.

No primeiro andar, mais livros. De outro lado, uma vinoteca com cerca de 300 rótulos de três distribuidores, além de auditório, gráfica, espaço de música (com vitrolas e vinis, inclusive) e a cafeteria principal, numa proposta bistrô. Com cardápio da chef Taci Teti, servirá tanto lanches quanto refeições. São 150 lugares equipados com tomadas, para sentar e ficar. Banheiros, que não existiam na Livraria Cultura, foram incluídos no projeto.

As arquitetas Fernanda Zerbone, Mariana Magalhães e Taciana Gomes, do escritório Ponto 5, primaram por deixar iscas de como era a Cultura, e assim pescam a nossa memória afetiva. Há também partes estruturais do prédio que remetem à antiga livraria, como as escadas, que continuam onde sempre estiveram. Logo à entrada, assumindo o espírito do novo locatário, banco de praça, uma kombi-revisteiro graciosa e uma árvore (que não é jaqueira e não é natural, mas que funciona no propósito de deixar o espaço “verde”). Sob ela dá pra ter uma prosa, ler uma poesia.

*Publicado no NE10

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