Você não vai acreditar, mas é a mais absoluta verdade: eu achava que por meio da minha pesquisa eles iriam parar de matar. Eu tinha essa ingenuidade”, afirma o repórter Caco Barcellos em entrevista imperdível à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Livro de leitura obrigatória para quem quer saber mais sobre o funcionamento de um sistema vil, Barcellos disse a frase que abre este texto em relação ao livro Rota 66 – A História da Polícia que Mata, vencedor do Prêmio Jabuti em 1993. Agora, é a vez das telonas ganharem a versão das histórias narradas por Caco.

Ecoando o método cruel de assassinatos da ditadura militar, o livro mostra casos em que membros das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) agia de forma criminosa, em uma atuação e condutas inescrupulosas e longe de qualquer situação de Estado de Direito.

Porém, a versão cinematográfica do livro levará tempo: as gravações do filme começam em 2019 e terão um protagonista inspirado em Caco e suas investigações. Para a criação de Rota 66, foram sete anos de apuração dos casos de matadores da Rota – além dos casos, a conveniência do poder público e da imprensa mostram um retrato cru (e cruel) de um sistema que não está muito distante de hoje.

“Acho que é obrigação do repórter retratar o que acontece nas ruas com a maioria da população, não o universo da minoria. Eles têm que ter voz ativa. Quando comecei o Rota 66, queria mostrar o absurdo que é um país contrário à pena de morte praticá-la todos os dias contra os bandidos, mas, após sete anos de investigação, constatei que a violência não se dava contra os bandidos, e sim contra os pobres”, afirma Caco, à frente na 12a temporada do inspirador programa Profissão Repórter (TV Globo).

A adaptação de Rota 66 será realizada pela Boutique Filmes – a mesma da elogiada série 3%, disponível na Netflix. A direção será de Fernando Coimbra (Castelo de Areia, O Lobo Atrás da Porta) e roteiro de Patrícia Andrade (Besouro, Gonzaga: De Pai Para Filho, Dois Filhos de Francisco).

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