Autêntica relança os clássicos ‘Pollyanna’ e ‘Pollyanna Moça’

Novas edições têm o mérito de trazer o texto na íntegra e atualizado, e um projeto gráfico elegante, vintage, com um pouco de passado e um pouco de presente.

Bia Reis, no Estante de Letrinhas

A história de Pollyanna, a garota que enxerga a vida com extremo otimismo mesmo diante das adversidades, vem atravessando gerações de leitores há mais de um século. O romance da escritora norte-americana Eleanor H. Porter sobre a menina que passa a viver com a tia no interior dos Estados Unidos após ficar órfã, aos 11 anos, foi publicado pela primeira vez por um jornal de Boston, em capítulos, em 1912. No ano seguinte, Pollyanna chegou às prateleiras das livrarias em formato de livro e logo virou um sucesso editorial. Em 1915, Eleanor fez a continuação, Pollyanna Moça. Nos anos 20 foi adaptada para o cinema e nos 60 ganhou versão feita pela Disney.

Há incontáveis edições do livro em português – basta entrar em uma livraria, física ou virtual, para se perder entre elas. E acaba de chegar mais uma às prateleiras, da Editora Autêntica, que tem o mérito de trazer o texto na íntegra e atualizado, e um projeto gráfico elegante, vintage, com um pouco de passado e um pouco de presente.

“Temos uma linha de publicar os clássicos e Pollyanna também se encaixa na minha preocupação de oferecer livros com valores que estão sendo esquecidos. Queremos obras que façam refletir, que transmitam ética, solidariedade”, conta Sonia Junqueira, editora-geral da Autêntica.

O cenário de Pollyanna é Beldingsville, no Estado de Vermont, nos Estados Unidos. Depois que seu pai, um pastor já viúvo, morre, a garota Pollynna Whittier se muda para a casa de sua única parente viva, sua tia miss Polly Harrington. A irmã de sua mãe é uma mulher fria, dura e a recebe apenas porque achava que era o seu dever. Apesar de morar em uma casa imensa, miss Polly coloca a sobrinha num quartinho no alto de uma escada, sem quadros, sem tapetes, sem cortina. Mas a garota não se entristece e encontra motivos para se alegrar – é seu Jogo do Contente, ensinado pelo pai. Ela fica feliz, por exemplo, por seu quarto não ter cortinas para encobrir a linda vista.

A relação com tia não é fácil. A dureza de miss Polly choca cotidianamente com o afeto de Pollyanna, que se envolve com todos a sua volta, dos funcionários que trabalham na casa às pessoas que vivem na cidade, e ensina o Jogo do Contente.

Para as meninas de hoje, as atitudes da menina do início do século 20 podem soar piegas, quase um exagero sentimental, mas Pollyanna é um livro sensível e amoroso. Para mim, Pollyanna lembra o espaço entre o fim da infância e o início da adolescência, quando me aproximei de livros mais longos. Ao reler Pollyanna para fazer este post, fiquei com a sensação de que Pollyanna foi responsável, pelo menos em parte, por moldar meu gosto por histórias dramáticas, familiares e cheias de afeto.

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